quarta-feira, 21 de outubro de 2015

I FÓRUM PERINATAL PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO - OUTUBRO ROSA

No dia 26 de outubro de 2015, próxima segunda-feira, em continuidade à programação do "Outubro Rosa" no município de Criciúma, a 8ª Promotoria de Justiça é parceira no I Fórum Perinatal pela Humanização do Parto e Nascimento, que se realizará nas dependências do Teatro Elias Angeloni.
No evento será proferida a palestra "O Papel do Ministério Público na efetivação do direito ao acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós parto".
O evento tem entrada gratuita.

"Para mudar o mundo, precisamos mudar a forma como nascemos." (Michel Odent)

Segue abaixo a programação completa.


I Fórum Perinatal pela Humanização do Parto e Nascimento

O movimento de humanização do parto é um movimento mundial que busca resgatar os aspectos naturais do parto e do nascimento e está apoiado sobre um tripé: o respeito à autonomia e ao protagonismo feminino, a visão do parto como evento integrativo e transdisciplinar e o respaldo da Medicina Baseada em Evidências (AMORIN, 2012).
No Brasil, as taxas de cesárea variam bastante entre as regiões, principalmente quando se compara a assistência realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com a assistência privada. A taxa de cesarianas no setor de saúde suplementar chega próximo de 80%, enquanto no SUS fica próxima de 50%, muito acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em nosso Município, 58%. (AMORIN, SOUZA e PORTO, 2010, p.415). As altas taxas de cesarianas estão diretamente relacionadas aos índices de morbimortalidade materna e infantil, sendo alvo de vários programas de políticas públicas que visam a diminuição destes índices.
As propostas de política pública da Agência Nacional e Saúde (ANS) apontam para uma redução da tendência que foi considerada uma “epidemia de cesariana e prematuridade” no Brasil e no estado de Santa Catarina, resultante de uma desarticulação do sistema de saúde brasileiro desde a década de 80 com a respectiva redução do número de leitos hospitalares disponíveis nos centros obstétricos, e consequentemente a redução das equipes para a assistência ao parto.
A mulher, no Brasil e no mundo, foi protagonista de muitos movimentos e viu seu papel abrir-se em leque, num infinito de possibilidades de atuação. Ao mesmo tempo, a humanidade caminha para um distanciamento de seus aspectos naturais, ambientais e ecológicos potencializado pela velocidade da comunicação e do incentivo ao consumo desenfreado realizado pelo sistema econômico vigente. Esse acontecimento resulta em conflitos políticos, geográficos e etnogênicos que forçam a população a unir forças em movimentos de resgate de valores e poderes perdidos em algum ponto da história.
Neste contexto, é de suma importância a realização de eventos que busquem criar ambientes e oportunidades de diálogo, reflexão e divulgação de modelos de assistência integral, humanizada e baseada em evidências científicas atuais.
O Fórum Perinatal é uma estratégia do Ministério da Saúde para constituição e implementação do Programa de Humanização do Parto e se constitui em um espaço coletivo, plural, gestor interinstitucional onde se firmam acordos éticos do estado com instituições, conselhos e sociedade civil para promoção da saúde e qualidade de vida da mulher e criança.
Para tanto, o governo municipal de Criciúma, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude, traz a Criciúma o I Fórum Perinatal pela Humanização do Parto e Nascimento, como um espaço de partilha de saberes e construção coletiva para implementação de um atendimento de qualidade, com procedimentos atualizados e que ultrapassem a barreira do saber técnico e veja a mulher, no ciclo gravídico-puerperal, em sua integralidade, suas emoções, necessidades afetivas, sócio-culturais e espirituais, como preconizam as diretrizes do Sistema Único de Saúde e os mais diversos programas das políticas públicas de saúde do Brasil.


Programação:

09:00 – Abertura – Composição da mesa
09:30 – Boas Práticas de Parto
Rosimeiri Pereira Batista – Enfermeira Obstetra Maternidade Darci Vargas/Joinville/SC
Ana Maria Brisola – Enfermeira Obstetra Maternidade Darci Vargas/Joinville/SC
10:15 – Abertura para debate e questionamentos
10:30 – Coffee Break
10:45 – Experiência da Região Nordeste de Santa Catarina na Rede Cegonha – Mobilização para boas práticas.
Maria da Graça Teixeira Portes – Coordenadora do Grupo Condutor Rede Cegonha/Região Nordeste.
11:15 – Encefalopatia Hipóxico Isquêmico, Complicações Gestacionais e Periparto
Eraldo Belarmino Jr. – Médico Neuropediatra do Município de Criciúma/SC
11:45 – Abertura para debates e questionamentos
12:00 – Intervalo
13:00 – O Papel da Doula na Humanização do Parto
Gabriela Zanella – Fisioterapeuta do Município de Florianóplis e Doula
Francielle Silvano Cardozo – Fisioterapeuta do Município de Criciúma e Doula
14:00 – Exposição de Vídeo
14:15 – Abertura para debates e questionamentos
14:30 – O Papel do Médico Obstetra na Humanização do Parto e Nascimento
Manuela Bez – Médica Obstetra do Município de Criciúma/SC
15:30 – Abertura para debates e questionamentos
16:00 – Coffee Break
16:15 – O Papel do Ministério Público na efetivação do direito ao acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós parto
Mauro Canto da Silva – Promotor de Justiça da Infância e Juventude
17:00 – Abertura para debate e questionamentos
17:30 – Encerramento


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

NOTA DE ESCLARECIMENTO - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

O Ministério Público do Estado de Santa Catarina vem prestar esclarecimentos à sociedade, a propósito da repercussão gerada pelo ajuizamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade no Tribunal de Justiça de Santa Catarina em face do art. 129, §1º, da Lei Orgânica de Criciúma e do art. 16, §1º, da Lei 2.879/93:

Inicialmente, registre-se que o Ministério Público não considera ilegal o repasse de verbas por parte da Prefeitura Municipal de Criciúma à FUCRI/UNESC, nem a qualquer outra instituição, a título de incentivo ao ensino superior, pelo contrário, fomenta e reconhece a relevância de uma política pública nesse sentido.

Em verdade, a questão objeto da referida Ação Direta de Inconstitucionalidade é a forma como foi estabelecido o aludido repasse, uma vez que tanto a Constituição Federal (art. 167, IV), quanto a Constituição do Estado de Santa Catarina (art. 123 inciso V), proíbem expressamente a vinculação de impostos a órgão, fundo ou despesa.
Isto porque deve o Município aplicar, anualmente, no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) da receita resultante de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e médio, pelo que as leis municipais citadas no primeiro parágrafo afrontariam as diretrizes constitucionais, o que não é admitido pelo ordenamento jurídico pátrio.

Outro ponto questionado na ação é a determinação no sentido de que: “O Poder Público não poderá criar, nem subvencionar cursos de nível superior que não sejam pertencentes a FUCRI” (art. 16, §1º, da Lei 2.879/93).

Assim, nada impede que, por outros meios, o Município de Criciúma promova o incentivo ao ensino superior, não só em relação à FUCRI/UNESC, como a qualquer outra instituição de ensino que considere pertinente, desde que cumpra com seu dever prioritário com a educação infantil e o ensino fundamental, e não se utilize de recursos compreendidos no percentual mínimo vinculado à educação, através devinculação direta e perene por lei de natureza não orçamentária, engessando a aplicação do orçamento público.

Trata-se, portanto, de decisão inserida nas atribuições do Prefeito Municipal, no exercício de sua função típica de administrar o Município, que, por conta disso, não pode ser fixada de forma impositiva por meio de lei de natureza não orçamentária.

Tal determinação, reafirme-se, é de natureza constitucional, e como tal a matéria será apreciada pelo Poder Judiciário, todavia nada impede que o Poder Executivo, por sua iniciativa, promova o encaminhamento de projetos de lei para sanar as inconstitucionalidades acima apontadas.


Sandro José Neis 
Procurador-Geral de Justiça

Vera Lúcia Ferreira Copetti 
Sub-Procuradora-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos

Maury Roberto Viviani
Coordenador do Centro de Apoio Operacional do 
Controle da Constitucionalidade

Marcus Vinícius Ribeiro de Camillo 
11º Promotor de Justiça da Comarca de Criciúma

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

ELEIÇÕES CONSELHO TUTELAR - MOÇÃO DE REPÚDIO DO PROINFÂNCIA

Como integrante do Fórum Nacional de Membros do Ministério Público da Infância e Adolescência - PROINFÂNCIA - corroboro com a Moção de Repúdio diante da experiência vivenciada no último domingo, dia 4/10, que marcou o I Processo Unificado de Escolha de Conselheiros Tutelares, reconhecendo, no entanto, o esforço de todos os Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente de Criciúma, Nova Veneza, Siderópolis e Treviso, dentro de suas possibilidades, para o êxito das eleições.

Muitas das situações descritas na nota, construída a partir de relatos de Promotores de Justiça da Infância de todo País, também foram vivenciadas na Comarca de Criciúma.

Que possamos aperfeiçoar o processo, para que não se repitam os fatos lamentáveis do último domingo que, diretamente, refletirão no atendimento à crianças e adolescentes.

Mauro Canto da Silva
Promotor de Justiça
8ª PJ de Criciúma

Moção de Repúdio – Proinfância

O Fórum Nacional de Membros do Ministério Público da Infância e Adolescência - Proinfância vem a a público externar a presente moção de repúdio diante de todo o descaso do poder público para com as primeiras eleições unificadas dos Conselhos Tutelares de todos os municípios do Brasil, ocorridas no último domingo, 04 de outubro de 2015.
Em razão do absoluto descaso com que se trata a infância e juventude no Brasil, não é exagero dizer que o último 04 de outubro também marcou a pior eleição já realizada na história do país: despreparo e insuficiência das equipes de mesários; logística inadequada para atender os eleitores; subdimensionamento da demanda esperada; longas e intermináveis fila de espera; pessoas expostas, por horas a fio, ao sol do meio-dia em pleno sertão nordestino; candidatos fraudando descaradamente as regras de conduta eleitoral que deles esperavam obediência; transporte irregular de eleitores aos borbotões; boca de urna desavergonhada dos candidatos e seus cabos eleitorais; falta de sanção penal para as condutas vedadas; votações ocorrendo, em pleno século XXI, mediante urnas de lona - no que se incluem muitas capitais (João Pessoa/PB, São Luís/MA, Vitória/ES etc); eleições não realizadas ou anuladas em quatro dos maiores municípios do país: São Paulo/SP, Salvador/BA, Belém/PA e Rio de Janeiro/RJ; apurações que adentraram a madrugada em virtude da necessidade de se "cantar" o voto; os promotores de justiça da infância e juventude praticamente sozinhos no combate ao mar de irregularidades em que soçobravam, dentre outras.
Reza a sabedoria popular que é melhor procurar soluções do que apontar culpados. Porém, neste caso, eles são tantos que é impossível não os mencionar.
Primeiro, o Congresso Nacional, que inseriu no Estatuto da Criança e do Adolescente a previsão de que as eleições de todos os Conselhos Tutelares do país ocorressem na mesma data, mas deixou de prever a participação da Justiça Eleitoral, desconsiderando a falta de estrutura da maioria dos municípios e os custos para a realização do pleito (no Distrito Federal, por exemplo, foram gastos 9 milhões de reais para o seu preparo). Pior ainda, esqueceu o legislador brasileiro de prever sanções penais para condutas proibidas em qualquer eleição, como a boca de urna e o transporte irregular de eleitores, deixando todos os que participaram das eleições à mercê das mais diversas – e escancaradas – condutas imorais.
Segundo, a Justiça Eleitoral – justiça de estrutura caríssima entre nós, utilizada apenas de dois em dois anos –, que simplesmente virou as costas para estas eleições, limitando-se, quando muito (e em apenas alguns Estados), a emprestar algumas urnas eletrônicas para as metrópoles e urnas de lona – em número absolutamente insuficiente, por sinal – aos demais municípios. A Justiça Eleitoral, que, em nome de um suposto espírito democrático, muito exige dos municípios para a realização das suas eleições (funcionários, escolas, equipamentos etc), os deixou desamparados, tendo que suportar todos os custos e desgastes decorrentes das dificuldades de organização deste pleito. As urnas eletrônicas, orgulho nacionalmente divulgado pela publicidade institucional do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ficaram em sua larga maioria muito bem guardadas, preservadas desta eleição "menor".
Terceiro, o Governo Federal, que se manteve à distância de todo o processo, deixando, com o perdão do lugar comum, esta "bomba" estourar nos colos de cada prefeito e Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente. Não basta expedir atos normativos e esperar que, em todos os rincões do país, o milagre aconteça! Num país de dimensão continental, de realidades tão díspares, chegam a ser irresponsáveis aqueles que, tendo condições, não dão o verdadeiro suporte – funcionários, automóveis, computadores, material de expediente etc – e aguardam que o Ministério Público fiscalize e faça tudo acontecer Brasil afora.
Quarto – e não menos importante – o nosso Ministério Público, instituição constitucionalmente vocacionada à "defesa do regime democrático e da ordem jurídica" (Constituição Federal, artigo 127), porém cuja administração superior nunca deu prioridade à infância e juventude, tratando a atribuição como qualquer outra e fazendo promotores cumularem-na com tudo o mais. Nas eleições do dia 04, houve Ministérios Públicos que sequer designaram funcionários e promotores para cada município; vários promotores tiveram que fiscalizar, sozinhos, as eleições em vários municípios ao mesmo tempo – alguns até com sete cidades a seu encargo; muitos de seus membros se omitiram ao longo do processo ou se negaram expressamente a auxiliar os promotores da infância e juventude na tarefa que seria, de maneira previsível, desgastante e inglória, sem falar naqueles que simplesmente tiraram férias no período em que estas eleições se iriam realizar – demonstrando, assim, o apreço que têm para com a proteção integral de nossas crianças e adolescentes. O triste fato é que não houve empenho suficiente da cúpula ministerial para obter o apoio da Justiça Eleitoral – apoio este que foi negado por ofício sequer assinado pelo Ministro Dias Tofffoli, então Presidente do TSE, ainda hoje na função.
Nada justifica tamanho despreparo nestas eleições que já haviam sido agendadas há mais de três anos, quando da promulgação da Lei 12.696, de 25 de julho de 2012. Ao invés de se mostrar um momento de celebração da vida cívica em nossa nação, o pleito de 04 de outubro de 2015 se mostrou um verdadeiro e lamentável atentado à democracia.
Se há algo de bom neste dia tão traumático para a incipiente democracia brasileira, isto se deve ao fato de que o 04 de outubro de 2015 foi a prova cabal de que a máxima "criança e adolescente são prioridade absoluta" não passa de uma frase sem lastro em nossas práticas sociais e governamentais. Nosso país ainda tem diante de si um longo caminho a percorrer se quiser ser um país sério para com sua população, especialmente os pequenos. Caem as máscaras no Brasil! Mas que nesta "pátria amada", "terra adorada entre outras mil", nasça, um dia, uma verdadeira democracia – a qual se deve expressar antes, durante e depois do voto livre, desimpedido e consciente.
Os membros do Ministério Público integrantes do Proinfância continuarão desempenhando seu ofício, na expectativa de que esse dia, um dia, chegará.
André Tuma Delbim Ferreira
Coordenador ProInfância
Millen Castro Medeiros de Moura
Coordenador ProInfância
Sasha Alves do Amaral
Coordenador ProInfância
Flávio Okamoto
Secretário-Geral ProInfância

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

NOTÍCIA DE CESSÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA LINDOLFO COLLOR - PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO INSTAURADO

Ao tomar conhecimento, via imprensa, da pretensão do Estado de Santa Catarina, através de sua Secretaria de Desenvolvimento Regional em ceder o prédio da Escola de Educação Básica Lindolfo Collor, situado no bairro Boa Vista, na cidade de Criciúma, para instalação da 2ª Companhia de Polícia do 9º Batalhão de Polícia Militar de Criciúma, a 8ª Promotoria de Justiça, de ofício, instaurou procedimento preparatório para o devido acompanhamento.

Quando há a pretensão estatal de fechar uma escola e ceder seu espaço a uma força de segurança pública, é porque alguma (ou muita) coisa se perdeu pelo caminho!

Segue a íntegra da portaria:


PORTARIA n.0026/2015/08PJ/CRI

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por seu Promotor de Justiça, Curador da Infância e da Juventude da Comarca de Criciúma, com fundamento no artigo 223 do Estatuto da Criança e do adolescente, e;

CONSIDERANDO as disposições constantes do art. 227, caput, da CF, e do art. 4°, caput, da Lei nº 8.069/90, que asseguram à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, a efetivação, por parte da família, da sociedade e do Estado, dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária; 

CONSIDERANDO que "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho." (art. 205, da CF)

CONSIDERANDO que "É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária" (art. 4º do ECA)

CONSIDERANDO que Art. 5º. "O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo. § 1º. Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União: I - recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso; II - fazer-lhes a chamada pública; III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola. § 2º. Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades constitucionais e legais. § 3º. Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do Art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. § 4º. Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade. § 5º. Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior. (art 5º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação)

CONSIDERANDO que foi noticiado na imprensa local o possível fechamento de escola pública estadual (EEB Lindolfo Collor) situada no Bairro Boa Vista, para instalar em seu lugar a 2ª Companhia de Polícia do 9º Batalhão da Polícia Militar de Criciúma;

CONSIDERANDO a fundamentação dos arts. 127 e 129 da Constituição Federal, no art. 25, IV, 'a', da Lei Federal n. 8.625/93, no art. 82, VI, 'c', da Lei Complementar n. 197/2000 e artigo 8°, § 1° da Lei n. 7.347/85, na forma do artigo 14 e seguintes do Ato n. 335/2014/PGJ, este Órgão de Execução do Ministério Público DETERMINA: 

a) a instauração de PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO para o fim de complementar as informações existentes, bem como para investigar os fatos mencionados;

b) a autuação deste feito como Procedimento Preparatório; 

c) a nomeação de Amanda dos Santos Lopes, Assistente de Promotoria, para secretariar os trabalhos;

d) a elaboração de extrato com os dados deste procedimento, de acordo com o modelo previsto no anexo I do Ato n. 335/2014/PGJ; 

e) a remessa do extrato citado no item anterior, por meio eletrônico, ao Diário Oficial Eletrônico (e-mail diariooficial@mp.sc.gov.br, consoante determinação do artigo 15 c/c artigo 10, inciso VI, do Ato nº 335/2014/PGJ;

f) a remessa de cópia do presente despacho, por meio eletrônico, ao Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (e-mail cij@mp.sc.gov.br), nos termos do artigo 15 c/c artigo 10, inciso VI, do Ato n. 335/2014/PGJ 
g) a afixação desta portaria no local de costume;

h) a requisição de informações à Secretaria de Estado da Educação, à Gerência Regional, e à Direção da Escola Lindolfo Collor e à Associação de Pais e Professores do citado educandário;

i) a requisição de esclarecimentos à 21ª Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional do Estado de Santa Catarina.

O prazo para conclusão deste procedimento é de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período, uma única vez, de acordo com o caput do artigo 16 do Ato n. 335/2014/PGJ. 

Criciúma, 02 de outubro de 2015.


MAURO CANTO DA SILVA
    Promotor de Justiça
Curador da Infância e Juventude

terça-feira, 29 de setembro de 2015

ELEIÇÕES UNIFICADAS PARA OS CONSELHOS TUTELARES - ORIENTAÇÕES


No dia 4 de outubro, serão realizadas em todo o Brasil eleições para a escolha dos membros dos Conselhos Tutelares. Esta é a primeira vez que o processo acontece de maneira unificada no país, já que antes cada município fazia a votação em datas e formatos diversos. Segundo informações da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), naquele dia serão escolhidos conselheiros tutelares em 99,89% dos municípios brasileiros, num total de 5.956 Conselhos Tutelares (conforme o último levantamento feito pela SDH, em 2013).

A importância dos Conselhos Tutelares – Criados em 1990, com a publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, os Conselhos Tutelares têm o papel de zelar pela garantia e defesa dos direitos da criança e do adolescente por parte da família, da comunidade e do Poder Público, fiscalizando a atuação de órgãos e entidades governamentais e não-governamentais. Isso acontece sempre que os direitos de crianças e adolescentes forem ameaçados ou violados pelo Estado, pela sociedade, por pais ou responsáveis. Eles trabalham, por exemplo, para proteger crianças e jovens que se encontram em situações de negligência, exploração sexual e violência física e psicológica, podendo, nesse sentido, requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança.

A 8ª Promotoria de Justiça acompanhará o processo unificado de escolha de Conselheiros Tutelares no próximo domingo (4/10), nos quatro Municípios integrantes da Comarca de Criciúma.

É importante deixar claro que em todo processo eleitoral há que se respeitar, sempre, a vontade e liberdade do eleitor, de modo que toda e qualquer conduta que possa vir a interferir ou desequilibrar a disputa, será passível de apreciação e posterior impugnação.

É sempre bom relembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente confere ao Conselho Tutelar uma posição destacada dentro do Sistema de Garantias e Direitos da Criança e do Adolescente, estabelecendo que, para integrar o colegiado, o candidato tenha "reconhecida idoneidade moral" (art. 133, I), eis que estará apto a desempenhar "serviço público relevante" (art. 135), razão pela qual há que se observar o estrito respeito às regras eleitorais.

De se destacar que o ECA determina em seu artigo 139, § 3º: "No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor."

Além da vedação acima, podem haver vedações outras especificadas em cada Lei Municipal, e, como dito, qualquer outra conduta possa interferir no processo (como transporte de eleitores, por exemplo), mesmo que não prevista nas regras do certame, pode ser interpretada como ato que possa atentar contra o requisito estabelecido no art. 133, I, do ECA e, portanto, ser a candidatura passível de impugnação.

O Ministério Público deseja, pois, que este primeiro processo de escolha unificado transcorra dentro da legalidade, respeitando-se as regras democráticas e, mesmo sendo voto facultativo, que possa se ter uma ampla participação popular a fim de fortalecer e legitimar a atuação deste importante organismo de defesa do Direitos da Criança e do Adolescente que é o Conselho Tutelar.


O Processo de escolha – As eleições para os membros dos Conselhos Tutelares de cada município serão realizadas sob a responsabilidade dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), com acompanhamento e fiscalização do Ministério Público de cada comarca, por meio das respectivas promotorias de Justiça com atuação na área da Infância e Juventude.

Para conhecer os candidatos, assim como o local de votação – que não é o mesmo das eleições gerais, destacando-se ainda que tais eleições não possuem qualquer vínculo político-partidário – , os eleitores devem procurar o Conselho Municipal de sua cidade.

AOS ELEITORES:


Quando será realizada a votação para a escolha dos conselheiros tutelares?
As eleições unificadas serão realizadas no dia 4 de outubro de 2015, das 8 às 17 horas. A partir deste ano, o dia da votação será sempre o primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.

Quem pode votar?
Podem escolher os membros do Conselho Tutelar brasileiros com mais de 16 anos, com título de eleitor e domicílio eleitoral no município em que pretendem votar.

Quais são os documentos necessários para votar?
O eleitor deverá comparecer ao local de votação com documento de identificação com foto e título de eleitor.

Onde é o local de votação?
Os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente devem, com antecedência, informar a população sobre os locais de votação. Destaca-se que os eleitores não votam no mesmo local das eleições proporcionais ou majoritárias. Mais informações podem ser obtidas, também, nas Promotorias de Justiça de cada comarca.

O voto é obrigatório?
O voto é facultativo. No entanto, é importante a ampla participação da população na escolha dos conselheiros, que terão atribuições e competências para promover, defender e proteger crianças e adolescentes que estão com seus direitos ameaçados ou violados. Esses direitos são assegurados pela Constituição Federal, pelo ECA e demais leis infraconstitucionais.

O voto é secreto?
Sim. O voto é secreto. Porém, não há previsão de sanção para o eleitor que divulgar o seu voto.

Como posso me informar sobre os candidatos a conselheiro tutelar de meu município?
O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente divulga a lista com os candidatos habilitados para o processo de escolha, autorizados à realização da campanha.

Qual é a composição dos Conselhos Tutelares? 
Cada unidade é composta por cinco conselheiros tutelares, escolhidos pela população local para mandato de quatro anos. O processo de escolha dos membros é realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. Em 2015, será realizado o Primeiro Processo de Escolha em Data Unificada dos Conselheiros Tutelares nos municípios brasileiros. 

Quantos conselheiros serão eleitos?
Serão escolhidos cinco conselheiros tutelares e seus suplentes para exercer um mandato de quatro anos.

Em quantos candidatos o eleitor poderá votar?
O ideal é que as leis municipais permitam o voto em apenas um candidato, mas é possível que se autorize o voto em até cinco candidatos. Cabe à comissão eleitoral informar os eleitores sobre essas peculiaridades, de modo a permitir a regularidade da votação e evitar a anulação de votos.

Como posso saber o resultado da votação?
Após a apuração da votação, os cinco candidatos mais votados preencherão as vagas de conselheiros tutelares titulares e os demais serão listados como suplentes em ordem decrescente de votação. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente deverá dar ampla publicidade ao resultado do processo de escolha.

Quando os conselheiros eleitos tomam posse?
A posse dos conselheiros tutelares acontecerá no dia 10 de janeiro de 2016, para um mandato de quatro anos.

Os Conselheiros Tutelares são remunerados pelo exercício de suas funções?

Sim. Como, a princípio, devem ter dedicação integral às suas funções, com atendimento diário, além da realização de plantões, os conselheiros tutelares recebem remuneração mensal, observados os valores previstos na legislação de cada município.

AOS CANDIDATOS:


A Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), em seus arts. 139 e 140, estabeleceu as diretrizes gerais para o processo de escolha, sendo que, em relação à propaganda, limitou-se a dispor, no art. 139, §3º que: "no processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor".

Esse mínimo previsto pelo legislador estatutário deveria ser complementado pela lei municipal, atendendo ao interesse local.

O CONANDA também dispõe de forma superficial acerca do tema, deixando para lei municipal descrever as condutas vedadas e suas sanções, conforme se depreende a partir da leitura do art. 8º da Resolução 170: "A relação de condutas ilícitas e vedadas seguirá o disposto na legislação local com a aplicação de sanções de modo a evitar o abuso do poder político, econômico, religioso, institucional e dos meios de comunicação, dentre outros".

Assim, a lei municipal deve estabelecer detalhadamente as condutas vedadas e as consequências, caso sejam realizadas, cabendo à Comissão Eleitoral analisar o caso concreto, observando sempre o princípio do devido processo legal e o binômio proporcionalidade/razoabilidade para a aplicação da sanção.

Deve-se preservar a lisura ao longo do processo e, especificamente em relação à campanha, o ideal é que o CMDCA estabeleça, de forma clara, regras com o escopo de evitar a vinculação político-partidária das candidaturas, bem como a utilização dos partidos políticos para favorecer candidatos a membro do Conselho Tutelar, evitando-se também o uso da máquina pública, de estruturas ou bens de pessoas jurídicas, assim como a "compra de votos", ou seja, deve-se procurar criar mecanismos destinados a assegurar a igualdade entre os candidatos e a coibir práticas desleais de qualquer natureza, até porque estas depõem contra idoneidade moral do candidato (requisito essencial para o exercício da função de membro do Conselho Tutelar, ex vi do disposto no art. 133, da Lei nº 8.069/90), sem ignorar as disposições contidas no art. 317 do Código Penal e Lei nº 8.429/92.

Embora o ideal fosse a previsão das condutas vedadas e respectivas sanções por lei, na ausência desta será necessário uma análise minuciosa da conduta do candidato, de modo a avaliar se, no caso em concreto, houve afronta ao mencionado requisito da idoneidade moral, caso em que estaria legitimada a cassação de registro ou mesmo do mandato. Desnecessário mencionar que tal análise deve ser feita dentro do princípio da proporcionalidade e da razoabilidade.

Lembramos também que a Lei Eleitoral não é aplicável ao processo de escolha para membro do Conselho Tutelar, dadas as peculiaridades do pleito, e embora seja viável a utilização das disposições eleitorais gerais, que servirão de parâmetro para se estabelecer as condutas vedadas sobretudo quanto à propaganda durante o Processo de Escolha, entende-se incabível a aplicação de sanções (sobretudo de natureza penal) descritas na referida legislação aos candidatos transgressores, persistindo no entanto, como mencionado, a possibilidade de sua exclusão do certame, a depender do caso, por violação do requisito legal da idoneidade moral.

Caso a lei municipal não esteja prevendo as condutas vedadas e suas respectivas sanções, dever-se-á analisar o caso concreto, como acima mencionado, verificando se a conduta do candidato fere o requisito da idoneidade moral, podendo afastá-lo do pleito com fulcro no art. 133, inciso I da Lei nº 8.069/90.

*Texto adaptado do Portal do MPPR

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

MPSC cria programa para auxiliar na melhoria da qualidade de ensino no Estado


O Núcleo Intersetorial de Suporte ao APOIA (NISA) do Ministério Público de Santa Catarina é um programa que pretende melhorar a estrutura escolar e o método de ensino das escolas públicas do Estado para reduzir o número de alunos que deixam de frequentar as aulas. O projeto, elaborado pelo Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CIJ), foi apresentado ao Procurador-Geral de Justiça, Sandro José Neis, na tarde desta sexta-feira (28/8).

O APOIA é um programa que mobiliza as escolas, os Conselhos Tutelares, o MPSC e toda a sociedade para trazer os alunos de 4 a 18 anos incompletos de volta para a sala de aula. O NISA foi criado para ir além dos indicadores de retorno.

"A ideia é garantir o direito não só da permanência dos alunos no sistema regular de ensino, mas da qualidade da escola que os receberá", afirma o Coordenador do CIJ, Promotor Marcelo Wegner.

Para tanto, a rede deve reunir-se periodicamente nos municípios para tratar, sobretudo, da relação entre aluno, família, escola e comunidade. Por isso, o NISA é formado por Assistentes Sociais, Promotores de Justiça e representantes da Rede de Atendimento à criança e ao adolescente (nas áreas da saúde, educação, segurança pública e outras).

Dentre as ações do NISA, está a criação de uma plataforma virtual, a qual será alimentada com vídeos, referências bibliográficas e notícias sobre temáticas infanto-juvenis e execução de oficinas periódicas referentes à infrequência escolar a fim de subsidiar os Promotores de Justiça e os integrantes do NISA para a sustentabilidade do projeto.

O NISA surgiu a partir da experiência da região de Chapecó, onde, no ano de 2011, foi criado o Grupo Regional de Estudos Sobre Infrequência Escolar. O objetivo dos participantes era desencadear ações proativas e promover reflexões acerca da responsabilidade compartilhada em relação à proteção do direito à educação, que compreende a matrícula, permanência e qualidade do ensino.

O grupo é composto por Educadores, Conselheiros de Direitos e Tutelares, Assistentes Sociais, Psicólogos e representantes da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC), da Unochapecó e do Ministério Público.

Em 16 de outubro, o CIJ realizará uma Oficina Inaugural do NISA no auditório do 1º andar da Procuradoria-Geral de Justiça. Serão convidados Assistentes Sociais, Promotores de Justiça da Infância e Juventude, Promotores aprovados no 38º concurso e Conselheiros Consultivos do CIJ.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

CASEP DE CRICIÚMA - ADOLESCENTES COM INTERNAÇÃO DEFINITIVA - EXECUÇÃO DA MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE SENTENÇA

No dia 14 de agosto de 2015, o Ministério Público de Santa Catarina, através da 8ª Promotoria de Justiça da Comarca de Criciúma, ajuizou ação de execução em face do Estado de Santa Catarina para compeli-lo ao pagamento de multa diária por descumprimento da sentença proferida em Ação Civil Pública que obriga o gestor do sistema socioeducativo catarinense a se abster de encaminhar à unidade de internação provisória local, adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação (chamada de internação definitiva).

Na data do ajuizamento, havia o descumprimento da sentença em 3 (três) casos, sujeitando o Estado de Santa Catarina ao pagamento de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por interno, cuja importância correspondia a R$ 56.000,00 (cinquenta seis mil reais) (e contando...) a ser revertida ao Fundo da Infância e Adolescência - FIA - de Criciúma.

Insta salientar que na sentença do Juiz da Vara da Infância e Juventude de Criciúma, a multa por descumprimento fora imposta à pessoa da Secretária de Justiça e Cidadania do Estado, mas, após recurso, a decisão foi reformado pelo egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina que retirou a multa pessoal ao agente público, atribuindo-a ao ente federativo.

O objetivo do Ministério Público é, tão somente, fazer o Estado de Santa Catarina obedecer a decisão definitiva da Justiça Catarinense de manter o respeito à destinação da unidade de internação provisória de Criciúma, impedindo que lá permaneçam por longo período, em estrutura deficitária, adolescentes que se encontram em cumprimento de medida socioeducativa de internação e que deveriam estar em estabelecimento próprio.

Infelizmente, o descompromisso e descumprimento por parte da gestão do sistema, recairá sobre os cofres do Estado de Santa Catarina.

A sentença pode ser lida aqui e o acórdão aqui.

Segue, na íntegra, a petição inicial da ação de execução.



EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E ANEXOS DA COMARCA DE CRICIÚMA




O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por seu Promotor de Justiça, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, em face a sentença proferida nos autos da Ação Civil Pública nº 0023887-90.2012.8.24.0020, com fundamento no artigos 461, § 4º, e artigo 730, caput, e seguintes do Código de Processo Civil, propor a presente

EXECUÇÃO DE SENTENÇA

contra o ESTADO DE SANTA CATARINA, pessoa jurídica de direito público interno, a ser citado na pessoa do senhor Procurador-Geral do Estado com endereço na Rua Saldanha Marinho, 189, Florianópolis/SC, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

1. DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER

Em 12 de dezembro de 2012, o Ministério Público ajuizou ação civil pública (em anexo) visando o fiel cumprimento do do artigo 123 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e artigo 188 da Constituição do Estado de Santa Catarina, em que prevê que os adolescentes em conflito com a lei serão recolhidos em centros de internamento, de acordo com sua situação processual.

Ou seja, o internamento, se provisório, será cumprido nos denominados Centros de Atendimento Socioeducativo Provisório (CASEP) e o internamento decorrente de sentença que decreta a internação como medida socioeducativa, será cumprida em entidades destinadas a este fim (CASE).

A obrigação de fazer consubstanciava-se, portanto, em transferir imediatamente os adolescentes que cumpriam medida socioeducativa de internação, em caráter definitivo, no CASEP de Criciúma para os CASE existentes no Estado, respeitando-se, logicamente, o direito do adolescente de permanecer internado em localidade "[m]ais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável", uma vez que "na mesma localidade" não há unidade de adequada destinação (ECA, art. 124, VI).

E a obrigação de não fazer baseava-se em determinar que o demandado se abstivesse de encaminhar adolescentes em conflito com a lei para o cumprimento da medida socioeducativa definitiva de internação no CASEP (Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório) de Criciúma.

Assim foi que, em 05 de agosto de 2013, o Juízo da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Criciúma acolheu o pedido formulado pelo Ministério Público e fez constar no dispositivo da sentença, em anexo:

"Ante o exposto, acolho o pedido formulado pelo Ministério Público em face do Estado de Santa Catarina, para confirmar a liminar de fls. 150-157 e para:
A) condenar o réu a abster-se de encaminhar adolescentes em conflito com a lei para o cumprimento de medida socioeducativa de internação no Casep de Criciúma, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais) por interno revertida ao FIA de Criciúma, a ser arcada pessoalmente pela Secretária de Estado de Justiça e Cidadania, sem prejuízo da remessa de cópia dos autos à curadoria da moralidade administrativa, para os fins do art. 29 da Lei n. 12.594/2012;
B) condenar o réu a transferir os adolescentes internados provisoriamente no Casep de Criciúma, que forem sentenciados ao cumprimento de medida socioeducativa de internação, para uma unidade de execução no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da requisição de vaga, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia de descumprimento revertida ao FIA de Criciúma, a ser arcada pessoalmente pela Secretária de Estado de Justiça e Cidadania, sem prejuízo da remessa de informações à curadoria da moralidade administrativa, para os fins do art. 29 da Lei n. 12.594/2012.
Comunique-se com urgência ao relator do recurso de agravo interposto pelo réu.
Uma vez que a condenação não possui valor certo, inaplica-se a exceção prevista no § 2º do art. 475 do Código de Processo Civil. Sendo assim, após o decurso do prazo para os recursos voluntários, remetam-se os autos ao Tribunal de Justiça, para o reexame necessário."

Porém, inconformado com o teor da sentença de primeiro grau, o requerido interpôs recurso de apelação junto ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), havendo a Segunda Câmara de Direito Público decidido, por votação unânime, dado provimento parcial ao recurso para redirecionar a imposição de multa diária unicamente ao Estado de Santa Catarina.

Colhe-se da ementa e parte final do acórdão da Apelação Cível 2013.0722008-5 que:

   "APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO PROVISÓRIO. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. REJEIÇÃO. MATÉRIA DE FUNDO: MANUTENÇÃO DE ADOLESCENTES QUE CUMPREM MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS COM OUTROS PROVISORIAMENTE INTERNADOS. DESCABIMENTO. LESÃO A DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, DIFUSOS E COLETIVOS. POSSIBILIDADE DE CONTROLE JUDICIAL. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DO PEDIDO MANTIDA, APENAS COM O REDIRECIONAMENTO DA MULTA (ASTREINTE) IMPOSTA AO AGENTE PÚBLICO PARA O ENTE-RÉU. APELO PARCIALMENTE PROVIDO.   I. "O Estatuto da Criança e do Adolescente firma como sendo da competência absoluta da Vara da Infância e da Juventude processar e julgar as ações fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos vinculados à criança e ao adolescente." (TJSC - Conflito de Competência n. 2013.047968-3, de Tubarão, rel. Des. Fernando Carioni, j. em 4.9.2013)   II. "O controle judicial das políticas públicas é vedado quando o pleito deduzido em sede de ação civil pública reveste-se de caráter genérico, inespecífico e abstrato, [...] Quando, porém, da execução de determinada política pública, seja por ação ou omissão, decorre prejuízo concreto a interesses individuais homogêneos, difusos ou coletivos [como sói ocorrer no caso dos autos, em que há evidente malefício a adolescentes, pela ação estatal de transferir quem cumpre medida socioeducativa de internação para estabelecimento de internação provisória], nasce a pretensão ao controle judicial de tais políticas por meio de ação coletiva. [Por outro lado] a extensão ao agente político de sanção coercitiva aplicada à Fazenda Pública, ainda que revestida do motivado escopo de dar efetivo cumprimento à ordem mandamental, está despida de juridicidade. A norma que prevê a adoção da multa como medida necessária à efetividade do título judicial restringe-se ao réu, como se observa do § 4º do art. 461 do Códex Instrumental. Orientação recente do STJ, REsp 747371/DF, rel. Min. Jorge Mussi, j. 6.4.2010." (TJSC - Apelação Cível n. 2009.072335-6, de Caçador, rel. Des. Pedro Manoel Abreu, j. em 17.8.2010) (TJSC, Apelação Cível n. 2013.072008-5, de Criciúma, rel. Des. João Henrique Blasi, j. 01-04-2014).
[...]
Como solução aviada pela sentença recorrida encontra endosso em precedentes jurisprudenciais, e defluindo ela da efetiva aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, é de se mantê-la, no essencial, dando-se provimento ao apelo apenas a redirecionar a imposição da multa diária (astreinte) exclusivamente contra o réu (Estado de Santa Catarina).
Com esse contorno é de prover-se parcialmente a apelação, consignando-se, por fim, de que o prequestionamento desnuda-se despiciendo sempre que, como no caso dos autos o julgador já tenha encontrado fundamentação bastante em prol do decidido, até porque não está ele obrigado a responder todas as perquirições pontualmente deduzidas pelos litigantes."

Ainda irresignado, o Estado de Santa Catarina interpôs recurso extraordinário perante o Supremo Tribunal Federal, que, em decisão monocrática (anexa), não foi admitido porque o recorrente deixou de demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso.

Certificado o trânsito em julgado, ocorrido em 22 de maio de 2014, a vista do retorno dos autos da Superior Instância, o Estado de Santa Catarina informou (em janeiro de 2015) que se encontrava cumprindo a sentença, uma vez que a unidade estava interditada para reformas (em anexo).

Verdade é que o Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório de Criciúma foi interditado pela Vigilância Sanitária, em 16 de setembro de 2014, sendo liberado apenas no mês de junho de 2015. 

Recebida listagem dos 11 (onze) adolescentes que se encontram privados de liberdade no CASEP de Criciúma, verificou-se que 03 (três) deles cumprem medida socioeducativa de internação (anexo), dois deles encaminhados ainda no mesmo mês de liberação da entidade. 

O executado, sabendo da multa imposta no caso de descumprimento da sentença que o determinou a ABSTER-SE de encaminhar adolescentes em conflito com a lei para o cumprimento de medida socioeducativa de internação no CASEP de Criciúma, ignorou a ordem judicial e encaminhou os seguintes socioeducandos a entidade de atendimento PROVISÓRIO desta cidade:

ADOLESCENTES      ENTRADA/SAÍDA                     PERMANÊNCIA ATÉ A PRESENTE DATA 

1. J. C. da S. M.         26/06/15                                        50 dias
2. A. M. M.                 26/06/15 a 01/08/15                        37 dias
3. R. D. F.                        21/07/15                                        25 dias


Através dos Oficios nº 783/15, 876/15 e 929/15 (em anexo) o Estado de Santa Catarina, por intermédio do Gerente Pro SINASE do Departamento de Administração Socioeducativo (DEASE), informa que descumpre, não somente a sentença prolatada nos autos da Ação Civil Pública nº 0023887-90.2012.8.24.0020, como também a requisição do Juízo nas Execuções de Medidas Socioeducativas nº 0002553-24.2015.8.24.0075 (A. M. M.), nº 0001992-97.20158.24.0075 (J. C. da S. M.) e nº 0116418-30.2014.8.24.0020 (R. D. F.).

Utiliza como razão de descumprimento a limitação de vagas nos Centros de Atendimento Socioeducativos do Estado, especialmente da Grande Florianópolis e Lages, informando que colocará o pedido de internação dos adolescentes na "Lista de Espera".

Todavia, não se deve admitir, ou mesmo autorizar, que os direitos mais básicos dos adolescentes que necessitam cumprir a medida socioeducativa de internação sejam violados pelo descaso ou pela comodidade do Estado, que deixa deliberadamente de construir entidades adequadas, onde recebam o tratamento socioeducativo a que fazem jus. 

Percebe-se, portando, o evidente descumprimento do Estado de Santa Catarina, por intermédio do Departamento de Administração Socioeducativo (DEASE), do imposto pela sentença proferida nos autos da Ação Civil Pública nº 0023887-90.2012.8.24.0020 (020.12.023887-0), confirmada pelo Juízo ad quem. 

É, neste contexto, que o Ministério Público, por meio da presente execução de sentença, busca que o executado pague a multa diária estabelecida na sentença, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por interno, a ser revertida em favor do Fundo da Infância e da Adolescência de Criciúma.

2. DO DIREITO

A presente execução tem por base título executivo judicial certo, líquido e exigível, representado por astreinte compreendida na sentença, proferida nos autos da Ação Civil Pública nº 0023887-90.2012.8.24.0020, cujo valor liquidado, conforme demonstrativo de débito atualizado até esta data (art. 614, II, CPC) é de R$ 56.000,00 (cinquenta seis mil reais).

A astreinte (art. 461, § 4º do CPC) é caracterizada como cominação de caráter pecuniário, meio coercitivo para o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, a qual se destina a obter do devedor o cumprimento da obrigação, pela ameaça de uma pena suscetível de aumentar indefinidamente e se constitui em título executivo judicial, confirmada por sentença transitada em julgado. 

Conforme relatado alhures, a permanência, até esta data, dos adolescentes A. M. M. (por 37 (trinta e sete) dias), J. C. da S. M. (por 50 (cinquenta) dias) e de R. D. F. (por 25 (vinte e cinco) dias), no Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (CASEP) de Criciúma está em desacordo com o título executivo culminado através dos autos da Ação Civil Pública nº 0023887-90.2012.8.24.0020.

É necessário ressaltar, desde já, que as justificativas vindouras do executado, mormente aquela de limitação de vagas nos Centros de Atendimento Socioeducativos do Estado (a qual, frise-se, o próprio Estado de Santa Catarina deu causa, diante da ausência de planejamento e desconsideração da absoluta prioridade a que se refere o artigo 227 da Constituição Federal), além de outros porventura utilizados e evidentemente protelatórios, não são válidos na presente execução. 

Oportuna, neste sentido, a transcrição doutrinária de Fredie Didier:

Os embargos opostos pela Fazenda Pública passaram a ser disciplinados no art. 471 do CPC, em cujos termos há uma restrição: somente podem ser alegadas matérias ali relacionadas. Apenas se permite a Fazenda Pública tratar de vícios, defeitos ou questões da própria execução, desde que supervenientes à sentença.
E nem poderia ser de outro modo, já que as questões anteriormente à sentença já foram alcançadas pela preclusão e, até mesmo, pela coisa julgada material. Com exceção da falta de nulidade de citação, se o processo correu à revelia (CPC, art. 741, I) e da chamada coisa julgada inconstitucional (CPC, art. 741, parágrafo único), a Fazenda Pública não deve alegar questões anteriores à sentença, cingindo-se a suscitar matéria que diga respeito à própria execução ou que seja superveniente à sentença.

Conforme já mencionado, o trânsito em julgado da sentença ocorreu em 22 de maio de 2014, fato esse que mostra claramente, a possibilidade de execução contra o Estado do valor já apurado, uma vez que tal sanção (astreinte) é plenamente aplicável à Fazenda Pública, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, cujo acórdão se acha assim ementado:


PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. FAZENDA PÚBLICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. DESCUMPRIMENTO. IMPOSIÇÃO DE MULTA. POSSIBILIDADE. ART. 644 DO CPC. ACÓRDÃO. FUNDAMENTAÇÃO. SÚM. 7/STJ. I - Em se tratando de obrigação de fazer, é permitido ao Juízo da execução, de ofício ou a requerimento da parte, impor multa cominatória ao devedor, mesmo que seja contra a Fazenda Pública. Precedentes. II - Não se pode acoimar de desfundamentado o v. acórdão quanto aos critérios para a fixação do valor da multa, tendo em vista que o mesmo asseverou que o valor fixado, além de não se afigurar desmedido na espécie, foi fixado segundo o critério da razoabilidade, fundado no senso comum e no prudente arbítrio do juiz. III - Ademais, a discussão em torno do valor da multa diária fixada ensejaria o reexame do sítio fático-probatório constante dos autos, o que é inviável em sede de recurso especial (Súm. 7-STJ). Recurso não conhecido.

Assim sendo, in casu, tendo em vista o fato de que a multa foi cominada no bojo de uma Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público do Estado de Santa Catarina, objetivando-se salvaguardar direito coletivo, o valor correspondente às astreintes correspondente à R$ 56.000,00 (cinquenta e seis mil reais) a ser pago pelo réu (Estado de Santa Catarina) deverá ser feito em benefício do Fundo da Infância e da Adolescência de Criciúma. 

3. DOS PEDIDOS

Ex positis, o Ministério Público do Estado de Santa Catarina requer:

a) o recebimento da inicial;

b) a citação do devedor no endereço preambularmente indicado para, querendo, opor embargos no prazo de 30 (trinta) dias, conforme o artigo 730, caput, do Código de Processo Civil (CPC) e artigo 1º-B da Lei nº 9.494/97;

c) a rejeição, liminarmente, dos embargos se: opostos intempestivamente,  manifestamente protelatório (CPC, art. 739) ou não versarem sobre matéria não prevista no artigo 741 do CPC;

d) do contrário, pelo processamento na forma do artigo 740 do CPC;

e) ao final, a requisição, por intermédio do Excelentíssimo Senhor Presidente do E. Tribunal de Justiça de Santa Catarina (CF, art. 100), na forma do §1º do artigo 730 do CPC, o pagamento ao Fundo da Infância e da Adolescência do município de Criciúma da quantia de R$ 56.000,00 (cinquenta e seis mil reais);

f) a produção de todos os tipos de prova em direito admitidas, sobretudo documental anexa, incluindo a memória de cálculo da dívida, com fundamento no artigo 332 e seguintes do CPC.

Dá-se a causa (CPC, art. 258 c/c 282), para efeitos fiscais, o valor de R$ 56.000,00 (cinquenta e seis mil reais).

Nesses termos, 
Pede deferimento.                           

Criciúma, 14 de agosto de 2015.


MAURO CANTO DA SILVA
   Promotor de Justiça


ROL DE DOCUMENTOS:
1. Cópia da Inicial da Ação Civil Pública nº 0023887-90.2012.8.24.0020;
2. Cópia do aditamento do pedido inicial;
3. Cópia da sentença, publicação e registro;
4. Cópia do relatório e acórdão da Apelação Cível nº 2013.072008-5;
5. Cópia da certidão de trânsito em julgado;
6. Cópia da decisão monocrática que não admitiu o Recurso Extraordinário em Apelação Cível nº 2013.072008-5/0001.00;
7. Cópia da petição do Estado de Santa Catarina informando que estava cumprindo na íntegra a sentença;
8. Listas dos adolescentes internados no Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (CASEP) de Criciúma; 
9. Cópias das decisões judiciais que determinam o cumprimento de medida socioeducativa de internação aos adolescentes J. C. da S. M., A. M. M. e R. D. F.  e respectivas cópias dos ofícios do Estado de Santa Catarina que encaminham adolescentes para o CASEP de Criciúma;
10. Memorial descritivo do débito.